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O hospital psiquiátrico é fruto da espacialização da loucura. Aliás, talvez seja mais preciso dizer que o que ocorreu foi uma contraespacialização da loucura, a invenção de um espaço outro ao qual são destinados os loucos — uma “heterotopia”, como a nomeou Foucault (2013). O autor propõe que o hospital psiquiátrico é um tipo de heterotopia que dá lugar à crise dos indivíduos transformando-a em desvio, “isto significa que os lugares que a sociedade dispõe em suas margens, nas paragens vazias que a rodeiam, são antes reservados aos indivíduos cujo comportamento é desviante em relação à média ou à norma exigida” (Foucault, 2013, p. 22). São espaços que recortam o tecido social, rearticulando-o em novos termos, como descreve o filósofo: “as heterotopias possuem um sistema de abertura e de fechamento que as isola do espaço circundante” (Foucault, 2013, p. 26). Foucault dedicou-se a descrever essa espacialização da loucura, em um primeiro momento privilegiando sua emergência na história da razão ocidental (Foucault, 2010a), posteriormente analisando-a pelo estudo das práticas discursivas que inscreveram a loucura no interior de um “dispositivo de poder” (Foucault, 2006, p. 17) produtor de sujeitos psiquiatrizados.

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