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A pesquisa visa fomentar uma discussão sobre o desaparecimento de pessoas no Brasil a partir do recorte indígena. Em particular, discute-se o desaparecimento de Tutxi Ãwa, do povo (Avá-Canoeiro do Araguaia), com o objetivo de entender como ocorre a mobilização da categoria do desaparecimento dentro da esfera indígena. Ademais, procura-se compreender qual o sentido do desaparecer para os Avá-Canoeiro e como isso é - ou não - abarcado pela literatura contemporânea sobre o desaparecimento de pessoas. Utilizando uma metodologia qualitativa e exploratória, analiso o fluxo burocrático de solicitações jurídicas em torno do reconhecimento de Tutxi Awã enquanto desaparecido político da Ditadura Militar. Ao tomar esses documentos técnicos enquanto artefatos (Lowenkron e Ferreira, 2014) argumento como eles simultaneamente testemunham e produzem violências, contribuindo para a ocorrência de múltiplas formas de morrer. Exponho como o estudo de caso torna-se representativo dentro de uma coleção de desaparecimentos e violências cometidas contra os povos originários desde a colonização. Sustento que o desaparecimento indígena tem particularidades que precisam ser observadas, como suas respectivas cosmovisões e relações com a morte. O estudo argumenta sobre a urgência de abordar o desaparecimento indígena como uma necropolítica estatal que perpetua o genocídio dos povos originários. O trabalho também busca contribuir para a lacuna de dados acerca do fenômeno.

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