General Info
Esta tese objetiva elucidar os modos como teleoperadores que trabalham em duas centrais de teleatendimento no município do Rio de Janeiro veem sua ocupação, o sindicato que os representa e o poder. A análise do imaginário político desses trabalhadores mostrou que, a despeito de permanecerem por tempo relativamente curto neste segmento do mercado, há um forte apelo por justiça e transparência nos processos de definição dos termos que determinam as formas efetivas de utilização da força de trabalho. A demanda por justiça nas relações de trabalho se expressa pelo uso de “categorias” morais, tais como a de respeito. Ao lançar mão dessas “categorias”, os teleoperadores sustentam que as assimetrias de poder que caracterizam as relações estabelecidas com os empregadores, devem ser contrabalançadas pela criação de mecanismos jurídicos capazes de garantir direitos trabalhistas que contemplem as diversas e distintas atividades que desempenham. A atribuição da tarefa de criação desses dispositivos legais aos titulares eleitos dos cargos associados aos poderes legislativos, além da defesa da importância da ação sindical conectada aos anseios dos trabalhadores, revela uma concepção do poder centralizada num imperativo ético. A defesa do Estado entendido como promotor do bem comum é acionada, por esses trabalhadores, como meio de frear a alegada preponderância dos interesses particularistas empresariais no contexto da pós-privatização do setor de telecomunicações.