Este estudo aborda a questão da construção social da masculinidade, observando a relação do homem com a moda. Durante muito tempo as diferenças entre homens e mulheres pareciam inscritas na própria natureza. Atualmente, impôs-se um maior distanciamento frente a estes comportamentos e valores, até então, naturalizados e vistos como inerentes ao corpo e ao mundo masculinos. Neste contexto, parece ocorrer um processo de homogeneização entre os gêneros, onde as distinções são cada vez menos nítidas. Tal fato se tornou consciente e objeto de reflexão entre homens e mulheres. A vida social tornou-se um projeto aberto, criando novas demandas e ansiedades. Portanto, ser homem, hoje, parece ser uma questão de identidade pessoal e social, ainda que o senso comum insista em remeter a caracteres físicos. Tornou-se anacrônico falar em têrmos de um só modelo masculinidade diante desta multiciplidade de sentidos de o que ser homem significa. Deduz-se que estes diferentes modelos de masculinidade imprimem diversos tipos de corpos, a que acarreta num individualismo na forma de produzir o padrão de beleza. Este estudo compreende a moda como uma técnica corporal, definida e colocada em prática em virtude das especificades culturais de cada sociedade, valorizando certos comportamentos em detrimento de outros. Portanto, elege este fenômeno como um locus privilegiado para a a observação da produção e reprodução dos papéis de gênero, mostrando como modelos de masculinidade podem ser reforçados pela forma como homens se vestem.