General Info
A exposição de Cerâmica Popular Pernambucana, organizada no Rio de Janeiro, em 1947, pelo artista Plástico Augusto Rodrigues tem sido considerada um marco que consuma a "revelação" de Vitalino Pereira dos Santos (1909-1963), o Mestre Vitalino. O objetivo deste trabalho é evidenciar a complexidade do processo que envolve também a participação de cientistas sociais, folcloristas, colecionadores e artistas que, desde os anos 1920, estão modificando a classificação de uma série de objetos, como as carrancas e os ex-votos. Os bonecos de barro de Vitalino, vistos até então como símbolos de atraso, brinquedos de criança pobre do interior, mealheiros de matuto passam a ser objetos de colecionamento, sobretudo a partir dos anos 1930 e início dos anos 1940. Entretanto, Vitalino permanenceu na Feira de Caruaru, vendendo seus trabalhos. Feira e exposição serão tratados como domínios de signidicação distintos. Um dos argumentos defendidos é que a noção que se tem hoje de Vitalino - artista popular com uma obra - se constitui ao longo de um processo complexo no qual a antropologia, a atuação de Gilberto Freire, entre outros artistas e intelectuais, desempenham um papel crucial. O livro Vitalino: ceramista popular do Nordeste, do antropólogo René Ribeiro, baseado na noção antropológica de cultura e modernista de arte introduz categorias que constituem a obra e Vitalino como intérprete de um modo de vida.