Esta tese tem o objetivo de descrever e analisar o processo social de patrimonialização das ruínas do centro urbano do extinto município de São João Marcos (RJ). São João Marcos foi despovoado e demolido na década de 1940 para a formação de uma represa de produção de energia elétrica. A cidade de São João Marcos atingiu o auge da prosperidade econômica e social no século XIX com a expansão da cultura cafeeira no estado do Rio de Janeiro. Com a crise da economia cafeeira fluminense São João Marcos perde seu poder econômico e prestígio social, sendo reduzida no ano de 1938 a distrito de Rio Claro (RJ). No ano seguinte, o núcleo urbano foi tombado pelo Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN. Entretanto, em 1940 o presidente Getúlio Vargas revogou o tombamento. O decreto-lei nº 2.269 autorizou a desapropriação dos imóveis e todo o conjunto arquitetônico foi demolido, restando intacta apenas a Ponte Bela. Após a demolição, toda extensão de terras da antiga Cidade foi inundada; todavia, o nível de água da represa não foi mantido e a as ruínas do conjunto arquitetônico tornaram-se aparentes, expostas a ação do tempo. Por quase setenta anos, o antigo município de São João Marcos esteve na condição de local de pastagem. Em 16 de fevereiro de 1990 a Ponte Bela e as ruínas remanescentes da demolição foram provisoriamente tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro.Entendendo o caso das ruínas do conjunto arquitetônico de São João Marcos, enquanto processo cultural, social e histórico, este trabalho realiza uma Antropologia dos Objetos, à medida que localiza os objetos como atores não humanos no processo de construção de uma memória e subjetividades. A metodologia utilizada buscou acompanhar de forma descritiva e analiticamente o deslocamento e as reclassificações pelas quais passaram as referidas ruínas através dos diversos contextos sociais e simbólico. O resultado é a constatação de que as ruínas, ao longo de sua biografia cultual foram atreladas aos valores relativos a memória coletiva e no momento atual estão em sua fase mercantil.