General Info
Em um contexto social caracterizado pela presença de ONGs, pela proliferação das rádios comunitárias e pela maior visibilidade da cultura Hip Hop no Brasil, o grupo Melanina, fundado em 2004, no Rio de Janeiro se propõe a atuar entre "mulheres de comunidade carentes, trabalhando e valorizando sua auto-estima através da mídia e procurando reintegra-las no mercado de trabalho". A presente dissertação busca apreender de que forma a categoria auto-estima se faz presente tanto nas representações e praticas das participantes, quanto nas definições dos projetos e identidade do grupo. Sua abordagem conceitual parte da compreensão de que trajetórias individuais não só refletem condições sociais determinadas, mas também modificam contextos e contribuem para ampliar o campo de possibilidades em que se movem grupos sociais específicos. Otrabalho de campo foi feito através de entrevistas em profundidade com as criadoras do Melanina e da análise de materiais produzidos pelo grupo (programas de rádio, materiais de divulgação etc.) e sobre ele (noticias de jornais e de paginas eletrônicas). O estudo realizado permitiu concluir que a noção de auto-estima opera, para este grupo e suas integrantes, a articulação entre discriminações produzidas por relações raciais, de gênero e de classe profundamente desiguais, possibilitando ao grupo a re-elaboração de identidades subalternas e a transformação de símbolos de estigma em emblemas.