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Em 1895 o oficial português capitão Joaquim Mouzinho de Albuquerque venceu o exército do imperador de Gaza, Ngungunhana, na batalha de Chaimite no sul de Moçambique. Ngungunhana foi capturado, levado a Lisboa, em seguida exilado para as Ilhas dos Açores onde foi batizado e morreu em 1906. Em 1985, para celebrar o décimo aniversário da Independência de Moçambique, os restos mortais de Ngungunhana voltaram à capital Maputo onde foram enterrados com honras de herói nacional. Através de biografias sobre Ngungunhana e o folheto produzido pela Frente para a Libertação de Moçambique (Frelimo) analisa-se a captura e exílio como fases de uma cerimônia de degradação no conceito de Harold Garfinkel, e o retorno dos restos mortais como um ritual de celebração heróica da resistência dos Moçambicanos no contexto de uma guerra civil que ameaçava dividir e destruir a nação Moçambicana na sua oposição ao apartheid da África do Sul. Com relação à Mouzinho de Albuquerque, ao analisar os discursos de três de seus biógrafos, que centralizam suas narrativas de cunho exaltador em sua trajetória pública, procura-se mostrar que está-se diante de um outsider no sentido empregado por Norbert Elias, que tendo sido criado num ambiente familiar onde prevaleciam idéias absolutistas, sucumbe ao choque entre sua visão de mundo e a ordem política do fim do século XIX, onde a monarquia constitucional convive com uma classe política que a apóia e legitima. Este choque o conduz ao suicídio em 1902. Cinqüenta anos depois da sua morte, Mouzinho é lembrado pelo Estado português no afã de renovar a confiança no seu papel imperial, mas mesmo depois da revolução dos cravos e a independência das colônias portuguesas, Mouzinho continua ícone dos valores considerados adequados ao soldado honrado.

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