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O propósito desta tese é o de refletir sobre a arquitetura, entendida como um processo social de habitação. Essa atividade humana, amplamente associada à ideia do construir, é aqui abordada pelo viés das práticas de demolição e implosão de estruturas arquitetônicas. Nesse sentido, as discussões que apresento estão inseridas em dois marcos: por um lado, o das práticas, escolas e técnicas de demolição, resultado de uma pesquisa etnográfica conduzida entre demolidores (garimpeiros, marteleteiros, engenheiros e encarregados de obra), e, por outro, o dos recentes debates antropológicos voltados para as categorias arquitetura e patrimônio. O esforço não se pretende uma análise minuciosa das ideias, ferramentas ou normas de demolição, nem busca fazer uma história cultural dessa indústria. Trata-se de compartilhar o ponto de vista e os modos de atuação de redes de demolidores sobre a cidade, sublinhando-os como lugar singular de onde pensar tanto a arquitetura, em suas dimensões práticas e conceituais, quanto a preservação, noção fundamental dos estudos sobre patrimônio histórico e cultural. Na contramão das abordagens que percebem a demolição como um fim, no sentido de cessação, ou esquecimento, a proposta aqui também é explorar a demolição como meta. Para o demolidor, de fato, sua atividade não é algo alheio que atinge de fora a construção, mas é parte integrante das práticas e disciplinas arquitetônicas. Sob esse enfoque particular, antes do que em uma relação de oposição, demolir estaria para construir, como colher está para plantar.

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