Este projeto consiste num estudo etnográfico-comparativo das práticas regulatórias de três órgãos da administração pública federal - a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) - , tomando como foco as práticas de produção, circulação e gestão de artefatos documentais performatizadas por estas organizações. Baseando-se em recentes etnografias sobre formas de governo ou regulação da economia, esta pesquisa busca analisar os regimes de governança do econômico - no caso a regulação do mercado de capitais, a política monetária e a política de defesa da concorrência - por meio dos modos distintos com que os respectivos órgãos governamentais produzem conhecimento sobre os objetos e sujeitos regulados, sobre como armazenam e disponibilizam informações e sobre como comunicam decisões aos públicos interessados. Procura-se descrever como as práticas de documentação, que caracterizam as práticas de conhecimento de cada um dos órgãos, constroem: (a) diferentes formas de relação entre os reguladores e os regulados; (b) concepções sobre a realidade econômica administrada, que podem ou não coincidir com a de outros órgãos; e (c) concepções sócio-antropológicas sobre os mecanismos e condições de possibilidade de transformação ou performação da vida econômica por meio de ações governamentais. A pesquisa, partindo de uma perspectiva de uma etnografia de documentos (físicos e eletrônicos), de entrevistas e de observação participante, busca refletir sobre os efeitos produzidos em certos regimes regulatórios pelos artefatos burocráticos e as práticas a eles associadas.