General Info
Este trabalho trata da trajetória de um político na Amazônia: o ex-Governador Gilberto Mestrinho. Da construção de sua imagem pública, e dos "ajustes"de suas memórias pessoais às memórias sociais locais. Para isso, lutou por uma identidade regional articulada em termos de similaridades, entre os argumentos culturais de cada um dos grupos locais envolvidos neste processo, e os seus próprios argumentos. Se fomos um dia inventados pelos viajantes e estudiosos, somos ainda hoje inventados por governantes, por ecologistas, por diversos atores sociais que agem na região e constroem discursos sobre a Amazônia. No "ajustamento" dessas memórias, para buscar essa identidade, Gilberto Mestrinho lançou mão de muitos instrumentos da prática política. O principal deles foi ter conseguido basear sua carreira em símbolos ancorados no imaginário popular regional, e que bem usados nas suas campanhas, conferiam uma eficácia particular ao seu discurso político. Com a mudança dos contextos históricos por que passou o país após sua redemocratização, e antenado com as novas preocupações do mundo ocidental com a Ecologia, mestrinho consegue extender sua atuação para além do contexto político local. É alçado ao lugar de "representante"da Amazônia no debate sobre as novas formas de exploração dos ambientes naturais da região. Apesar desse novo momento na sua trajetória, ele não abriu mão de antigas referências simbólicas, mudando-as de acordo com as novas demandas, procurando aperfeiçoar sua ação política, mediante o uso de novos idiomas sociais. Passou a usar argumentos "de fora"da região, para aumentar sua legitimidade com os "de dentro", e sempre sse coloca como genuinamente "de dentro" para desqualificar os projetos que não coincidem com os seus. Mesmo assim, a "invenção" social de outros discursos podem alargar as faixas de possibilidade do debate social na região, com outros agentes que têm contribuições importantes, e podem clarificar com suas vozes, outros ângulos dessas constantes re-invenções sociais.