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Visto a partir de uma perspectiva técnica, o transplante hepático é um procedimento cirúrgico que visa a substituição de um fígado doente por outro considerado saudável. Assim, trata-se de uma cirurgia de grande porte, cuja finalidade é salvar a vida do sujeito enfermo. Reconhecendo que o transplante hepático afeta a vida das pessoas mesmo antes da realização do procedimento cirúrgico e que seus efeitos alteram o modo como estas pessoas se colocariam no mundo, o objetivo do trabalho foi apreender a complexidade do transplante hepático e como ele se inseria no emaranhado de linhas que conformam a vida dos sujeitos que passaram por tal procedimento. Para tanto, foi desenvolvida uma etnografia em um Serviço de Transplante Hepático de um hospital universitário sediado em uma capital brasileira de média porte e entrevistas semiestruturadas com pós-transplantados. Além de apontar para o caráter processual do transplante – cujas atividades se iniciam no momento em que o sujeito é listado para a espera do novo fígado, e se mantêm mesmo após o procedimento cirúrgico –, esta pesquisa demonstrou que a organização das práticas no Serviço, bem como as demandas colocadas pela equipe (visitas regulares ao hospital, cuidado com hábitos de vida e o uso da medicação), permitem compreender o transplante hepático como uma nova condição crônica.

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