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A formação de públicos de cinema nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo é o tema desta tese, que investiga as mostras de cinema como tempo-espaço privilegiados para a expressão de estilos de vida cinéfilos. O caminho adotado para a investigação foi traçar uma sócio-história dos festivais cinematográficos de caráter internacional organizados nas duas cidades, compreendendo de que maneira a promoção de eventos possibilitou a circulação de obras e a formação de públicos para filmografias que não eram exibidas nos circuitos regulares. O movimento impulsionado por críticos de cinema, diplomatas, realizadores e estudantes, promoveu a criação de circuitos paralelos de exibição, que foram incentivados e organizados pela Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e pelo Departamento de Cinema do Museu de Arte de São Paulo, desde o final dos anos de 1950. A partir da pesquisa hemerográfica e da análise de materiais impressos produzidos pelos Museus, onde estão disponíveis referências às programações de ciclos retrospectivos, mostras compostas por filmes inéditos e sessões especiais promovidas em salas de cinemas de arte/alternativos nas cidades, compreendemos a abrangência e importância dos eventos programados pelas Instituições de Arte para a formação dos públicos cinema no decorrer dos anos de 1960 ao início dos anos de 1980. Um dos desdobramentos desses movimentos empreendidos a partir dos Museus foi a fundação de Festivais Internacionais de Cinema, que se fixam nos calendários anuais das duas cidades promovendo o tempo-espaço para o encontro anual dos cinéfilos. A partir da etnografia realizada na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival do Rio (2015-2017) me aproximo de algumas das características das culturas cinéfilas contemporâneas.

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