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Esta tese dedica-se à análise do estabelecimento de agricultores conhecidos como gaúchos no Leste Maranhense e de suas estratégias de reprodução nessa região. A pesquisa foi realizada em municípios da Microrregião de Chapadinha, tendo como grupo os atuais produtores de soja e os que, anos anteriores, cultivaram grãos, mas deixaram a atividade agrícola, passaram a realizar outros plantios ou arrendaram suas terras para outros agricultores. Esses agentes pertencem a famílias consideradas pioneiras, cujos membros se autodenominam precursores da produção sojícola, afirmando possuir tradição na agricultura e ter o legado do trabalho familiar em suas trajetórias. O trabalho mostra a diversidade de origens e ocupações entre esses agentes, assim como a diferença na composição demográfica da unidade familiar e na posse de recursos fundamentais à atividade agrícola. Tomando como contextos os momentos de chegada à região, o objetivo central do trabalho é demonstrar como o estabelecimento e as estratégias de acesso à terra, aos diferentes capitais na atividade agrícola e à inserção na produção de grãos no Leste Maranhense estiveram ancoradas na mobilização dos gaúchos a partir de relações internas às suas famílias e dos laços de amizade. Dá-se atenção aos vínculos constituídos entre esses agentes desde a região de origem ou nos locais onde os agricultores passaram antes da chegada ao Maranhão até o contato com latifundiários locais, políticos e donos de cartórios na área de estudo. A partir dessa análise, também ganha importância a identificação das condições anteriores à chegada e depois da transferência, assim como as oportunidades encontradas em relação ao mercado de terra e às políticas oficiais de desenvolvimento da produção de grãos que, de diferentes modos, foram incorporadas às lógicas do estabelecimento desses agentes. Nessa reflexão, busca-se apreender as distintas estratégias de permanência na região diante de uma crise econômica, de aquisição e acumulação de recursos, de implantação dos primeiros plantios e do financiamento, tornando possível a esses agentes aceder à condição de produtores de grãos e manter a reprodução dos membros familiares calcada em diferentes formas de inserção no mercado da soja na região. Em suma, a pesquisa busca contribuir com o conhecimento das lógicas de agentes que, no Maranhão, são produtores de grãos em áreas de expansão do agronegócio, complementando estudos dedicados a processos sociais semelhantes.

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