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Essa pesquisa consiste numa análise do surgimento das políticas de apoio à inovação tecnológica no Brasil. Instituídas entre o final dos anos 1990 e início dos 2000, essas políticas tinham o duplo propósito de reestruturar o setor de ciência e tecnologia e redefinir o seu papel junto às agendas do desenvolvimento econômico e social. Com efeito, neste período foram criados vários novos marcos regulatórios e programas de governos, como os Fundos Setoriais, a PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior) e a Lei de Inovação. Com inspiração no referencial teórico da antropologia da ciência (principalmente os conceitos que envolvem a Teoria do Ator-Rede), o objetivo principal dessa tese é reconstruir o processo histórico de criação dessas políticas e detalhar suas características. Buscarei mostrar que o conceito de inovação se tornou o novo mediador da relação entre ciência e desenvolvimento. Isso significa que ele produziu transformações significativas nas duas partes. Assim, o objetivo particular é explorar as transformações produzidas especificamente na área da ciência, não apenas em termos jurídicos e institucionais, mas também em termos de concepção sobre o que é conhecimento, sobre o que deve ser a prática científica e qual é o seu papel na sociedade. Pode-se dizer que essa concepção tornou-se marcada por um foco acentuado no aproveitamento econômico da ciência, na sua articulação com os setores produtivos e na sua transformação em desenvolvimento tecnológico e inovações. Metodologicamente, essa análise se baseia nos textos desses novos marcos regulatórios e programas de governo, e nos documentos que lhes serviram de inspiração, como o material da 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (os chamados Livros Verde e Branco da CT&I) e a proposta de criação dos Fundos Setoriais.

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