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Esta tese tem o objetivo geral de refletir sobre a inter-relação entre uma corporação transnacional (CTN), a Vale S.A., e o mercado de capitais em um contexto de capitalismo financeirizado. A discussão é norteada por algumas questões: 1) Como o processo de financeirização global pode ser observado a partir de uma firma extrativa específica, a Vale?; 2) Quais são as formas pelas quais se pode entender esse processo, considerando-o a partir de suas múltiplas camadas e efeitos, ao mesmo tempo que se considera a agência dos atores?; 3) Como as estratégias da Vale são condicionadas por ele?; e 4) De que forma a análise de uma corporação como essa pode esclarecer dinâmicas econômicas e corporativas mais gerais? Para tanto, a tese combina revisão de literatura, pesquisa teórica, análise de dados, observações diretas e participantes em campo e pesquisa em mídia especializada. Parte-se do estudo de caso da Vale, apoiando-se em uma investigação de cunho qualitativo, assentada, essencialmente, em dados secundários, levantados por meio da análise documental. O corpus da análise são os relatórios financeiros apresentados anualmente pela empresa no padrão Form 20-F (Formulário 20-F). Foram analisados os relatórios que compreendem os exercícios financeiros de 2001 a 2020. O material foi analisado com o auxílio do software de análise qualitativa NVivo (versão 10), por meio do qual foram estabelecidas categorias que permitiram a sua codificação. Identificou-se, na investigação, um processo de aprofundamento da financeirização da Vale, que teve início com a aprovação da sua nova governança corporativa em 2017, quando a mineradora passou a depender mais do mercado financeiro em decorrência de estratégias corporativas adotadas em nome da autonomização em relação à esfera política. A partir de um modelo adaptado de Jackson e Aguilera (2003) sobre o institucionalismo centrado no ator, analisou-se as estratégias da firma e as múltiplas camadas da financeirização que impactam as dinâmicas institucionais, o que inclui tanto a inter-relação entre a corporação e o mercado financeiro, quanto as consequências sobre a firma, oriundas da financeirização do mercado de commodities. Esta tese evidencia o papel disciplinador da financeirização, que atua no modelamento dos discursos e ações corporativas. Nesses termos, a financeirização da Vale se apresenta como um resultado histórico que dependeu de disputas políticas continuamente travadas, diante da impossibilidade de separação entre economia e política.

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