O presente trabalho pretende examinar o processo social de formação de um coletivo na Rua Jordão, verificando a dimensão política deste processo, que culmina com a construção da comunidade São Jorge do Jordão. A partir da organização de práticas reivindicativas baseadas na capacidade de se perceberem como um coletivo pobre com direitos legítimos, eles articulam um conjunto de ideias, sentimentos e vivencias comuns à experiência de exclusão urbana crucial pela qual vinham passando, para constituírem a Associação de Moradores e Amigos do Jordão. Num segundo momento, depois de várias conquistas, constroem uma igreja, a comunidade de um grupo de moradores da rua. Este trabalho analisa de vários ângulos, procurando dar conta de conflitos, disputas, encontros e desencontros por que passa o grupo, privilegiando o depoimento das lideranças, cruzando o público com o privado, a fé com a política. Esse grupo pesquisado demonstra como o bairro e a rua são espaços privilegiados para a aglutinação de pessoas e a formação de um espirito coletivo que prenuncia um tipo de sociabilidade que contém um campo politico potencial, e por isso, virtualmente transformador.