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Esta tese de doutorado tem como objeto de análise o Grupo Onde Tem Tiroteio Brasil. Popularmente conhecido como OTT, a iniciativa mobiliza, através da web 3.0, uma rede (social) em grande escala pelo Rio de Janeiro. Trata-se de um app que dispara alertas sobre a violência urbana com o objetivo de orientar a circulação pela cidade. A questão que guia esta pesquisa é de que modo o OTT incide no cotidiano dos atores envolvidos nessa rede, e também no modo como estes representam e lidam com a violência armada. O trabalho inicia com a introdução que apresenta a temática e o contexto em que se insere; o capítulo 1 “Onde Tem Tiroteio: Uma etnografia digital” enuncia o aplicativo do OTT. Nele é possível conhecer o app, seu histórico, funcionalidades, modo de operação, quem são seus usuários/as e a relação com entes da sociedade como a imprensa e o governo. O capítulo 2, “Do cidadão para o cidadão” explora o conceito de Segurança 4.0, criado pelo Grupo OTT Brasil, para tanto, entrevistei a Equipe OTT. A análise, que dá protagonismo à perspectiva dos atores que fazem o OTT acontecer cotidianamente, apontou que, mais do que um aplicativo, é um projeto que parte da premissa que cidadãos estão ajudando outros cidadãos a circular em segurança. O capítulo 3 “Vila Kennedy: o bairro com maior número de alertas” discute a dimensão territorial da violência armada a partir do mapa de alertas do OTT. Entrevistei mulheres que além de moradoras da Vila Kennedy, bairro da zona oeste carioca e que recebeu maior número de alertas no ano de 2021, também são usuárias do OTT e contaram como e quando consultam o aplicativo. O capítulo 4 “Produzindo conteúdo: armas e munições” traz uma análise do canal do Onde Tem Tiroteio no YouTube, bem como dos comentários feitos a partir do conteúdo publicado. O objetivo é identificar os modos de interação e o comportamento da audiência que acompanha o OTT. Por fim, concluo que os movimentos e ações dos usuários e usuárias, fazem da internet um local privilegiado de construção de subjetividade incidindo no modo como os indivíduos vivem o mundo que os cerca. Por meio do OTT, foi possível identificar um conjunto de práticas cotidianas que sustentam a estrutura social vigente no Rio de Janeiro, onde a web está diretamente conectada ao fenômeno da violência armada. Ao lançar luz à perspectiva dos indivíduos que formam a rede OTT, compreende-se de modo lúcido os impactos da tecnologia na produção de estratégias de sobrevivência e na sociabilidade de quem vive nos territórios em disputa.

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