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Esta dissertação consiste em uma etnografia sobre um desastre em curso na cidade de Maceió, Alagoas, causado pelo afundamento do solo e arruinamento dos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Mutange, Pinheiro e áreas do Farol devido à exploração de sal-gema pela petroquímica Braskem S/A. Desde 2019, evidencia-se um processo devastador de deslocamento compulsório de cerca de 60 mil pessoas atingidas pelo desastre, além de milhares que vivem em áreas de risco e se encontram ilhadas socioeconomicamente. A pesquisa fundamenta-se na literatura sobre arruinamento, neoextrativismo e racismo ambiental e teve como principal metodologia o trabalho de campo, alinhado à análise documental e pesquisa bibliográfica sobre o caso. Ao longo do trabalho, destaco como os processos de deslocamento compulsório e arruinamento dos bairros são vivenciados pelos atingidos, incluindo: as divergências de suas experiências em relação às temporalidades e medidas institucionais apresentadas pelas autoridades e pela mídia; o desastre como aprofundador de desigualdades socioeconômicas e raciais e os modos como os bairros atingidos são utilizados por diferentes atores sociais. Então, discuto os processos de formação e ocupação urbana de Maceió a partir de suas atividades econômicas, destacando a chegada da Salgema Indústrias Químicas, hoje Braskem, e apresento as hipóteses dos atingidos em relação ao futuro dos bairros. Por fim, argumento que o processo de perecimento vivenciado pelos atingidos ao perderem suas casas e bairros representa, paralelamente, uma oportunidade de produção de valor para a Braskem, hoje proprietária dos bairros atingidos.

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