Embora quase inexplorada, a faceta literária de Carlos Lacerda (1914-1977) é expressiva, tanto em termos quantitativos, pelo volume de textos que produziu, quanto em termos qualitativos, no que se refere a sua sofisticação estética e crítica. Era um homem das letras, como podemos atestar pelo reconhecimento de seus pares e pelos livros publicados e textos dispersos na imprensa, atuando seja como escritor, dramaturgo, cronista, seja como ensaísta, crítico da literatura e de outras artes, como o teatro, o cinema e as artes plásticas. No entanto, é ainda uma perspectiva pouco investigada da trajetória de uma das figuras mais controversas da vida cultural e política brasileira do século XX, especialmente durante a Era Vargas (1930-1945). Por meio desses textos e de sua atuação política nessa fase, é possível perceber a influência do modernismo em sua formação, em especial seu diálogo com Mário de Andrade, e os modos como seus elementos programáticos confluíram com seu engajamento também na compreensão e transformação da realidade social brasileira através da cultura. Assim, esta pesquisa tem como objetivo investigar e comprovar a constituição de um “legado modernista” de Carlos Lacerda, demonstrando como se articula com suas ideias e práticas intelectual e política durante os decênios de 1930 e 1940. Neste sentido, os estudos da sociologia da cultura, da sociologia política e do pensamento social brasileiro serão fundamentais para a delimitação dos pressupostos teóricos e metodológicos da pesquisa, servindo, assim, como base para alcançar os resultados esperados.