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Em projeto anterior, o objetivo foi ?descrever e analisar os processos de circulação e transformação dos objetos materiais quando se deslocam entre contextos socioculturais diferenciados, evidenciando os efeitos por eles produzidos sobre a vida social e sobre as formas de autoconsciência individual e coletiva dos sujeitos humanos? (Gonçalves 2010). A pesquisa esteve voltada para o estudo de situações sociais e rituais, nas quais era possível perceber esses efeitos. Pesquisas etnográficas foram realizadas em contextos museológicos, em festas populares, em mercados populares, nos processos de elaboração, comercialização e usos rituais de objetos religiosos. A hipótese central foi a de que, ao serem produzidos, trocados, destruídos ou reconstruídos, esses objetos confirmavam ou desestabilizavam as formas de percepção do mundo desses usuários. Nesse sentido, tais objetos materiais não eram apenas sinais diacríticos a demarcar posições e identidades no jogo social, mas sobretudo elementos mediadores entre categorias fundamentais do universo cultural dos seus usuários. Ao exercerem essa mediação, tornam-se alvo de atitudes e sentimentos que variam da adoração e cultivo à hostilidade e destruição, tornando-se parte inseparável da experiência individual e coletiva. No projeto atual, nossa proposta é aprofundar essa hipótese, voltando o foco descritivo e analítico da pesquisa para as relações entre patrimônios, memória e transformações espaciais no meio urbano. Os discursos do patrimônio e da memória, mais que uma resposta externa a essas transformações, são na verdade parte incontornável dos processos sociais e técnicos de destruição, construção e reconstrução das diversas estruturas arquitetônicas e urbanísticas que compõem as instáveis paisagens cotidianas das grandes metrópoles..

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