O aplicativo Discord possuiu o objetivo inicial de fornecer uma plataforma de bate-papo para que jogadores pudessem se comunicar enquanto jogavam online. Tais grupos abordam os mais variados assuntos, desde hobbies até debates. Porém, nem todos os servidores têm propósitos benignos. Alguns, conhecidos como TCC (True Crime Community) ou “Panelas” – como se referem alguns de seus membros – se tornaram espaços de radicalização. Esses servidores, muitas vezes relacionados à comunidade "gamer", promovem conteúdos perturbadores, como discurso de ódio, neonazismo, misoginia, racismo, culto às armas, violência e até idolatria à massacres em escolas. Segundo Michele Prado (2023), dentro dessas plataformas, os membros possuem posições de hierarquia, e através de desafios alcançam patamares mais altos. Esses desafios podem ser filmar-se agredindo animais, expor-se de forma íntima, auto lesionar-se, dentre outros. Esses jovens podem ser chantageados, através da explanação ou ameaças de agressão e morte, o que os torna presos aos líderes dos servidores e a realizarem atos sem consentimento. Essas comunidades operam como amplificadores de frustrações e raiva, com o discurso de ódio, frequentemente fomentado pela extrema direita, propagando uma narrativa de injustiça para homens brancos. Em muitos casos, jovens influenciados por esses ambientes passaram a agir fora do mundo virtual, cometendo crimes graves. Investigações revelaram que criminosos, incluindo autores de ataques violentos, usaram esses servidores para planejar e promover suas ações. Como resultado, muitos foram identificados e presos por crimes como estupro ou estupro virtual, ameaça e mutilação (Metrópoles, 2024).