O Movimento Nacional de Atingidos por Barragens, em março de 1997, organizou em Curitiba o I Encontro Internacional de Atingidos por Barragens. Apenas um mês depois, em um workshop promovido pelo Banco Mundial em Gland, Suíça, foi apresentada uma avaliação de 50 barragens financiadas pelo Banco a uma platéia bastante diversificada. Os movimentos de atingidos (inclusive o MAB) e ONGs presentes no encontro divergiram da avaliação e propuseram uma comissão internacional independente que pudesse avaliar barragens financiadas pelo Banco ou não e indicar critérios de construção e modelos de tomada de decisão, proposta esta que já aparecia no documento final do encontro de Curitiba. Como resultado desta crítica nasceu a Comissão Mundial de Barragens (WCD, sigla em inglês). Durante os três anos de existência da WCD o MAB participou ativamente das discussões e foi um ator fundamental na disputa política que se travou. Quais são as principais dificuldades para a participação de movimentos sociais em uma luta política em tão larga escala? De que forma atores políticos como as ONGs desempenham o papel de ligação entre os movimentos sociais e eventos tais como a WCD? Este trabalho procura analisar as características e limites da participação do MAB neste processo através de descrição dos acontecimentos, debates e mecanismos simbólico-políticos envolvidos na disputa.