O artigo investiga a possível filiação do padre José Maria Ibiapina (1806-1883) às orientações ultramontanas características do movimento de reforma católica ocorrido no Brasil durante parte significativa do século XIX. Nesse sentido, problematiza interpretações forjadas por intelectuais ligados à Teologia da Libertação, para os quais a obra do missionário corresponderia a uma tradição religiosa popular derrotada pelo que denominaram processo de “romanização”. Com fins de questionar a hipótese segundo a qual seria Ibiapina espécie de precursor da “opção preferencial pelos pobres”, recorro a fontes primárias e secundárias para revelar afinidades entre sua obra e as determinações romanas. Trata-se, assim, de análise em diálogo com perspectivas recentes dedicadas a discutir os alcances e limites da implementação do programa de reformas ultramontanas no país.