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Neste artigo discuto aspectos que permitem evidenciar as conexões existentes entre a tradição dos caboclinhos e a jurema, religião de matriz afro-indígena, invisibilizadas durante tanto tempo, devido à perseguição empreendida por regimes políticos racistas e autoritários. Através das práticas rituais, dos processos de transmissão, da fabricação dos corpos e de sua relação com o poder de transformação da jurema, tais conexões se revelam a partir de etnografia, realizada em Goiana, Pernambuco, à luz de uma antropologia da dança, acrescida da análise de registros sonoros e audiovisuais produzidos pela Missão de Pesquisas Folclóricas, em 1938, sobre os caboclinhos e o catimbó, nome pelo qual era conhecido o culto à jurema no passado, no Nordeste do Brasil. Acreditando que esta reflexão pode contribuir para a compreensão de aspectos importantes no que diz respeito às relações existentes entre dança e religiosidade, na caracterização de territórios constituídos por memórias afro-indígenas, abordarei discussões sobre a natureza dos caboclos e sua relação com os caboclinhos, em situações que envolvem as noções de guerra e cura, por meio da experiência do encantamento.

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