Este artigo propõe uma reanálise do livro Balinese Character, de Gregory Bateson e Margaret Mead. As aproximações entre um tipo possível de personalidade Balinesa, baseada nas relações hierárquicas, no transe, nas práticas corporais estilizadas, na dança e no teatro, e as caracterizações patológicas da esquizofrenia estavam presentes desde as primeiras conversas entre Mead e Bateson, que orientaram a escolha de Bali para a realização da pesquisa etnográfica. Na primeira parte deste artigo serão apresentadas as imagens sobre Bali nos anos 1930, quando o país era rota de intelectuais, artistas e celebridades que buscavam encontrar ali uma espécie de cultura anticapitalista, manifestada nas artes, no transe e na dança. Na segunda parte, serão revisitados os percursos das análises imagéticas no livro Balinese Character, mostrando como essas imagens possibilitam delinear o caráter balinês centrado nos corpos, em suas desintegrações e desdobramentos. Na terceira e última parte serão abordadas as imagens sobre a esquizofrenia e seus rebatimentos na pesquisa realizada, seus rendimentos para uma modelagem cultural, propondo que Bateson e Mead, a contrapelo, ao ‘esquizoidizarem’ a cultura balinesa, acabam por produzir uma esquizonálise avant la lettre.