Este texto gira em torno de um problema de ecologia urbana oriundo da coexistência de consumidores de drogas e moradores dos bairros mais afetados pela venda e uso dessas substâncias, sobretudo de crack, no espaço público dos grandes centros urbanos brasileiros, com enfoque no Rio de Janeiro, em diálogo com São Paulo – as duas maiores metrópoles do país, representativas da América Latina –; e estrangeiros, com enfoque em Paris – capital francesa e uma das principais metrópoles da Europa. O objetivo da análise é compreender como esse problema é experimentado e enfrentado nos dois países, recorrendo a uma pesquisa anterior e a outras em andamento, desenvolvidas por meio de etnografia, entrevistas e análise documental. As conclusões apontam para a configuração de “cenas abertas” de uso em Paris, “situações de consumo” nas ruas do Rio e “cenas fechadas” em favelas cariocas, que engendram respostas públicas distintas em ambos os países.