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O objetivo deste artigo é compreender a maneira como se efetiva o valor da existência dos chamados “animais de companhia” ou “de estimação” a partir da relação entre essa existência e o dinheiro. Com base na análise contrastiva de dois casos representativos de uma pesquisa sobre tratamentos veterinários considerados dispendiosos por “donos”, “tutores”, “humanos”, “pais” de “pets”, discutimos como despesas com a preservação da vida se tornam ao mesmo tempo índices da valorização dessas vidas e um desafio moral ligado a uma relação de hostilização com o econômico – por meio da transfiguração de valores quantitativos em signos qualitativos. Essa valorização passa por pensar os bichos de estimação mais do que como simplesmente vidas, vendo-os como “existências”, isto é, como vidas tratadas em termos de sua finitude, a serem valoradas e avaliadas na medida de suas singularidades, diferenças e igualdades e da evitação de seu sofrimento. Combinando uma antropologia das construções de valor dos animais não humanos com uma sociologia pragmática/pragmatista da moral atenta ao pluralismo de quadros de valor e às formas de efetivação de ações/situações, discutimos como comparecem na interrelação entre dinheiro e existência animal os três fenômenos da questão do valor como conferidor de sentido que nossos trabalhos têm mostrado primordiais, a valoração, a avaliação e a valorização.

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