O presente texto tem como principal objetivo sugerir a noção de periferização do mundo como enquadramento interpretativo adequado para a análise das transformações gerais ocorridas no sistema capitalista nas últimas quatro décadas. Na primeira parte do trabalho, apoiados sobre as reflexões de Abram de Swaan, analisamos brevemente a ascensão, a configuração e o declínio do predicamento social predominante nos países capitalistas centrais no período do pós-guerra: o Estado de Bem-Estar Social. Em seguida, na segunda parte, buscamos qualificar o processo de expansão da condição periférica como uma noção de potencial analítico relevante para a investigação do desmantelamento do welfare state e ulterior desenvolvimento de alterações significativas na dinâmica do capitalismo. Para isso, mobilizamos fundamentalmente as ideias de Wolfgang Streeck e de demais autores da teoria social contemporânea. Por último, elaboramos reflexões a respeito da adequação do enquadramento teórico sugerido e levantamos problemas que poderiam nortear uma agenda de pesquisa baseada na ideia da periferização do mundo.