O trabalho doméstico pode ser compreendido como uma das principais manifestações das desigualdades que moldaram e continuam a estruturar a sociedade brasileira. Os registros históricos das assimetrias de género, classe e raça nos informam que nesse trabalho expressam-se dimensões políticas e sociais mais amplas, como o processo fragmentado e fragilizado de demo- cratização no país, a magnitude do mercado informal brasileiro, as desigualdades familiares embasadas em papéis tradicionais de género e os aspectos econômicos e culturais enraizados desde o período escravocrata — características que têm marcado em especial o modo de vida das mulheres negras brasileiras.