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Neste texto, será explorada a gênese da ideia de “cidadão de bem” e seu uso peculiar no cenário de acumulação social da violência no Rio de Janeiro. A partir de uma análise dos comentários de leitores de reportagens sobre operações policiais de um jornal on-line, destrinchamos os sentidos por meio dos quais os autointitulados “cidadãos de bem” definem um Outro que, por oposição, lhes dá forma e conteúdo central. Igualmente é feita uma análise da noção de cidadania no Brasil e das distorções por que passa em um cenário de “violência urbana” em que há uma crença nativa em “portadores da sociabilidade violenta”. A categoria “cidadão de bem” sustenta-se na diferenciação de seus portadores daqueles que não são “sujeitos direitos”, no limite, os “inimigos” da ordem societal almejada. Para uma análise fina sobre a noção e sua mobilização recente, cruzamos uma Sociologia da Violência e uma Sociologia da Moral contemporânea para depurar como são definidas essas concepções de “Bem” no contexto do processo de acumulação social da violência. Por fim, apresentamos reflexões preliminares a respeito de um “individualismo hierárquico” presente no contexto brasileiro.

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