O ProSAVANA foi um programa de cooperação técnica assinado entre os governos do Brasil, Japão e Moçambique, cujo objetivo era promover o desenvolvimento agrícola na região norte deste país africano. Neste artigo, apresento uma análise de cunho etnográfico sobre a implementação do ProSAVANA e as diferentes formas de lutas que surgiram em oposição aos seus empreendimentos. Conforme descrevo, os promotores do programa mobilizavam frequentemente três alegorias evocativas de conexões e fluxos em seus trabalhos de campo, discursos ou documentos: paralelos, cadeias e corredores. Ainda que, ao nível territorial, estes estivessem ligados a efeitos de isolamento e fixação da população local e da sua agricultura. Com base nessa controvérsia, sugiro que o ProSAVANA pode ser entendido como um dos projetos de design de mundos que realizam o que Anna Tsing chamou de “ecologia da plantation,” ou seja, máquinas para produzir o mesmo, que operam para expandir sua escala enquanto modelos simplificados, homogeneizados e padronizados de paisagens diversas. Contudo, ao longo da implementação do ProSAVANA, seus designs de plantations foram (re)compostos tanto por técnicos que visavam promover seu modelo de desenvolvimento, quanto por camponeses e ativistas críticos ao programa, mostrando que essas configurações sozinhas não podem circunscrever de forma abrangente a agência humana.