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A palestra enfoca a natureza etnográfica das pesquisas sobre poesia popular de Amadeu Amaral (1875-1929), resultantes do projeto de um Cancioneiro caipira. Embora inconcluso, o projeto - formulado logo após a publicação do mais conhecido Dialeto caipira (1920) - produziu inúmeras conferências e artigos diversos que, publicados em jornais e revistas da época, foram reunidos em 1948 por Paulo Duarte no livro póstumo Tradições populares. Trata de inserir o projeto na voga estudiosa dos cancioneiros (coletâneas das diversas formas poéticas da oralidade popular) que varreu a Europa desde o final do século 18, estendendo-se nas Américas e mundo afora e ressoando até nossos dias. E de elucidar o trânsito entre registros escritos e as formas da oralidade popular argumentando em prol do valor contemporâneo de tais registros. Orientados por paradigmas epistemológicos e visões de mundo vigentes entre fins do séc. 19 e as primeiras décadas do 20, eles abrigam a potência poética das formas da oralidade registradas que se re-inserem desde então nos mais diversos circuitos escritos e/ou orais populares e eruditos, passados e contemporâneos.