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O comércio de produtos importados, descaminhados e/ou contrabandeados do Paraguai, além de ser o sustento de milhares de pessoas de um lado e do outro da fronteira, é o foco de políticas de repressão e controle por parte do governo, assim como um campo fértil de estereótipos e representações amplamente difundidos no imaginário brasileiro. Fazer pesquisa de campo no Paraguai sobre esse comércio proveniente do Brasil me colocou uma série de desafios, os quais se potenciaram de formas diversas pelo fato de não ser brasileiro, mas argentino. O presente artigo explora um conjunto de tensões – desconfianças, distinções, aproximações e preconceitos – que são fundamentais de serem levadas em conta ao realizar trabalho de campo em países vizinhos, especialmente naqueles países onde o Brasil é percebido como poder hegemônico. Sublinhar essas tensões tem por objetivo incentivar a reflexão sobre a profundidade – temporal, espacial, linguística e histórica – que o trabalho de campo requer.

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