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Este artigo analisa as ressonâncias discursivas, morais e sociais no enfrentamento à epidemia da Aids e pandemia da Covid-19 em dois importantes contextos dos movimentos e organizações de trabalhadoras do sexo. Dialoga com as contribuições de Viviana Zelizer para problematizar como a transação comercial do sexo pago concorre para atribuir valor moral, afetivo e simbólico a diferentes práticas de cuidado que circulam no trabalho sexual. A pesquisa coletou informações em documentos arquivados e ambiente digital, incluindo levantamentos em redes sociais. A abordagem relacional privilegiou a ação política e criativa de trabalhadoras do sexo nos dois contextos em que o cuidado está atravessado por ambivalências morais. Resultados apontam os sentidos cambiantes que o cuidado pode ganhar. Nas políticas de prevenção à aids, sexo pago e cuidado estão imbricados, denotando confiança e sexo seguro. Na pandemia, sexo remunerado e risco de infecção, juntos maximizam a ideia de que trabalhadoras do sexo oferecem riscos.