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O estudo do ritual atravessa fronteiras da antropologia, passando por estudos da política, da economia, da religião, da cultura popular, de gênero, de performance, e de uma série de outros aspectos dos estudos etnográficos e antropológicos. Buscando abarcar a multidisciplinaridade contida nos estudos sobre o assunto, e suprir a falta de material em língua portuguesa para os estudiosos interessados, Maria Laura Cavalcanti selecionou e traduziu quatro textos clássicos de africanistas da antropologia social inglesa de fundo estrutural-funcionalista. Esta corrente teórica, esquecida nos debates contemporâneos, teve grande impacto na antropologia da década de 1930 à de 1970, e tem rica tradição etnográfica, com destaque para as dimensões rituais da vida social.

“A dança”, de Evans-Pritchard, é uma etnografia da dança da cerveja entre os azande, no norte da África Central. Em seu estudo, demonstra as dimensões política, econômica, afetiva, estética, expressiva e religiosa do ritual em questão. “Festivais e coesão social no interior da Costa do Ouro”, de Meyer Fortes, desloca-se para a África Ocidental, investigando os tallensi, povo da região norte de Gana, com a intenção de desvendar a construção de vínculos entre tallis e namoos – comunidades identitárias tallensi – através do exame dos festivais rituais. “Um ritual de realeza entre os suazi”, de Hilda Jupper, utiliza metáforas do teatro e da performance para analisar a Incwala, celebração anual da realeza, personificada no rei dos suazi (povo da África Austral), relacionando a construção da pessoa do rei à hierarquia e organização social, e identificando a ação ritual como operador da continuidade social e ambiental. Por último, “Ritual e simbolismo nyakyusa”, de Monia Hunter, detalha o ritual fúnebre dos nyakyusa, da África Oriental, articulando conceitos relativos a ritos de passagem, materialidade, manejo e observando os símbolos em ação no contexto social.

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