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Esta tese consiste em uma análise antropológica sobre as escolas de samba no carnaval do Recife. Registros históricos indicam a presença dessas agremiações no Carnaval da capital pernambucana, a partir dos anos de 1930, e, igualmente, sugerem que, por serem imediatamente associadas ao repertório do carnaval do Rio de Janeiro, foram percebidas como estrangeiras, intrusas e caricaturas das originais cariocas, por intelectuais como Gilberto Freyre. Desse modo, a presença e a consolidação das escolas de samba são entendidas como ameaça ao frevo (emblema do carnaval), às tradições carnavalescas “tipicamente pernambucanas”, instaurando-se um campo de debates, ao longo do século XX, de conteúdo de extremo regionalismo, em torno das noções de tradição, identidade e pertencimento. Este trabalho pauta-se na ideia de que tais debates perdem força a partir dos anos de 1980, mas ainda incidem no imaginário e na experiência social das escolas de samba do Recife. Com efeito, esta pesquisa estrutura-se em dois movimentos analíticos amalgamados: um de cunho histórico-antropológico, para contextualização e reflexão acerca dos referidos embates simbólicos; o outro, constituído por um olhar etnográfico, a fim de não só percebermos as ressonâncias desse lastro histórico marcante, bem como compreendermos os bastidores do processo ritual do desfile, atentando para as relações entre o Rio de Janeiro e o Recife, na perspectiva dos sambistas pernambucanos.

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