O projeto de pesquisa que se apresenta propõe investigar o perfil social e histórico assumido pelas chamadas classes médias no Brasil moderno e contemporâneo. Para tanto propomos construir um campo problemático novo sobre o tema, articulando, de modo inédito, duas tradicionais e consolidadas áreas de pesquisa da sociologia e das ciências sociais, mas que pouco tem dialogado diretamente: a de estratificação social e a de pensamento social brasileiro. Embora ganhos heurísticos mais gerais possam advir dessa proposta, a frente de pesquisa nova que pretendemos construir volta-se especialmente para a análise das classes médias. Nosso ponto de partida é a percepção - empírica e teórica - de parte da área de estratificação social sobre a inadequação dos modelos explicativos adotados especialmente de sociedades europeias para a compreensão das classes médias no Brasil. Assim, propomos articular uma discussão teórico-conceitual da categoria classe média na sociologia da estratificação a (1) uma revisão da ampla literatura ensaística e sociológica brasileira sobre tema e, porque o conhecimento sociológico é sempre reflexivo, (2) das próprias percepções dos atores sociais sobre classe média, igualdade e justiça social em diferentes gerações no Brasil, (3) bem como análise de dados (PNADS e censos) das décadas de 1970 a 2016 para acompanhar as trajetórias das ocupações e outras dimensões utilizadas na distribuição da sociedade em estratos. A ideia, portanto, é mapear três campos distintos e relacioná-los: (1) da sociologia da estratificação social, (2) do pensamento social e (3) das percepções dos próprios atores sociais de diferentes gerações sobre classes medias, estruturas ocupacionais e desigualdades no Brasil..