Informações Gerais
O objetivo deste projeto é compreender várias dimensões em que a figura do outro tem sua integração dificultada na sociedade brasileira. Por meio de uma matriz de múltiplas linhas de pesquisa e múltiplas abordagens metodológicas, estudaremos como a alteridade não é tomada como dada e é consequentemente tratada como problema pelos atores sociais ? seja ao questionarem ações ou mesmo a existência de outros seja por questionarem a própria condição de outro em relação a alguma referência estabelecida. A ideia é levar a sério tanto como as pessoas produzem formas de tornar problemáticas várias modalidades de diferença, produzindo uma vasta galeria de ruídos de sociabilidade e impedimentos de acesso a recursos da vida social quanto como produzem reivindicações de integração. Essa fenomenologia diz respeito desde aos planos das desigualdades socioeconômicas e de acesso a direitos (em termos de raça, etnia, gênero, nível educacional, idade, posição na malha urbana etc.) até aos planos morais/comportamentais (notadamente criminais/judiciais), passando pelas dimensões identitária, política, burocrática e estética. Trata-se, então, de analisar desde mecanismos de justificação moral até mecânicas práticas, históricas, culturais, estruturais e/ou situadas desse atravancamento da alteridade, além das várias operações de movimentação de indivíduos e grupos para terem suas diferenças reconhecidas. Nessas chaves, as seis linhas de pesquisa do programa, Violência, Territorialidades e Moralidades; Política, Economia e Trabalho; Arte, Cultura e Pensamento Social; Corpo, Pessoa e Relações Sociais; Diferenças e Desigualdades Sociais; e Sustentabilidade, Tecnologia e Transformações Sociais oferecem pesquisas alimentadoras da discussão. Como principal resultado esperado, está a montagem de um amplo painel das diferentes gramáticas de atravancamento e desobstrução da alteridade, permitindo uma visão abrangente e uma análise transversal entre várias abordagens sociológicas e antropológicas.