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O objetivo principal desta pesquisa é compreender a construção social do Rio de Janeiro como uma "cidade partida" na imprensa carioca. Nos anos 1990, o termo "cidade partida" tornou-se um tópico proeminente nos jornais do Rio de Janeiro, refletindo as dinâmicas sociais e urbanas da época. O livro "Cidade Partida", de Zuenir Ventura, um best-seller que ganhou o Prêmio Jabuti em 1995, traduziu boa parte do sentimento dos cariocas de classe média em relação à cidade, corroborando a dicotomia entre "morro" e "asfalto". O termo "cidade partida" tornou-se, então, recorrente nas discussões midiáticas sobre o Rio, reforçando a necessidade de reunificar essas camadas sociais para enfrentar os desafios da cidade. A obra de Ventura, portanto, é usada como ponto de partida para esta dissertação. O método utilizado envolve dois recortes temporais. O primeiro recorte é uma análise documental do Jornal do Brasil (RJ) e do jornal O Globo em 1984, focando na abertura do Túnel Rebouças para coletivos de ônibus que partiam da Zona Norte para a Zona Sul da cidade. Essa medida gerou grande debate na imprensa sobre a convivência entre moradores dos subúrbios e da Zona Sul nas praias da cidade. O segundo recorte concentra-se na análise do Jornal do Brasil durante toda a década de 1990, permitindo compreender as crenças e valores mobilizados na construção dessa representação social de "cidade partida". Os resultados demonstram que a discussão sobre a partição surge efetivamente quando as duas partes da cidade se encontram, revelando a separação através da conexão. Nos anos 1990, o debate sobre a "cidade partida" foi marcado por uma inflexão na discussão sobre violência urbana, delineando os contornos dessa suposta divisão. A crença de que as favelas são o locus da violência, pobreza e incivilidade, massivamente reproduzida pela imprensa, relativiza os direitos humanos e a cidadania dos moradores desses territórios. Assim, a noção de "cidade partida" passa a fortalecer a "metáfora da guerra", perpetuando uma visão estigmatizada das favelas e fundamentando políticas de segurança pública cada vez mais violentas nesses locais.

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