Como credenciais educacionais se ligam às ocupações no mercado de trabalho? Há um padrão aleatório, de dispersão, em que pessoas com determinada credencial (ex: ensino médio) se espalham em um conjunto grande de setores de atividades e ocupações ou o contrário, essas pessoas se concentram ao longo de diferentes posições? Como isso varia entre as diferentes credenciais educacionais? O que acontece com as credenciais educacionais das pessoas que atingiram níveis de especialização mais altos e são egressos do ensino superior? Médicos trabalham como médicos? Arquitetos como arquitetos? Como isso evolui ao longo do tempo? Esse projeto responde a essas indagações. Por traz dessas perguntas está a literatura da estratificação social que estuda a transição da escola para o trabalho e propõe dois tipos ideais para entender as conexões escola-trabalho. Um tipo de contexto são os "espaços da qualificação" onde as credenciais educacionais são altamente valorizadas e reconhecidas no mercado de trabalho. Outro contexto é o "espaço organizacional" que tem um foco na educação genérica e no treinamento nas firmas (ou nas atividades) como o eixo principal da conexão entre o mundo da escola e do trabalho. Em diálogo com essa literatura, nos focamos em um contexto inédito de estudo, um caso em que é possível acompanhar uma situação em que a norma não é a escolarização da força de trabalho para outro em que ela passa a ser: o Brasil majoritariamente rural dos anos 1960 e o Brasil urbano de 2010. Mobilizando dados dos Censos de 1960 a 2010 respondemos a nossas questões de pesquisa. O trabalho se baseia em uma padronização inédita das variáveis mobilizadas em alto nível de detalhe tanto do ponto de vista das credenciais educacionais como da estrutura ocupacional. Além disso, o trabalho também vai de encontro com as estratégias metodológicas mais adequadas para o tratamento da questão: a mobilização de índices de segregação, ferramentas estatísticas altamente flexíveis e sensíveis aos padrões de dispersão e concentração de variáveis categóricas, a ferramenta ideal para responder as perguntas de pesquisa que propomos.