Informações Gerais
Esta tese apresenta resultados de uma pesquisa sobre mulheres que passaram pela experiência de encarceramento no estado do Rio de Janeiro, Brasil. O foco incide sobre suas experiências e relações no período em que foram internas da Penitenciária Talavera Bruce. Trata-se de uma instituição de segurança máxima para mulheres, localizada no bairro de Bangu, Zona Oeste. O trabalho de campo envolveu a realização de uma curta observação participante na penitenciária, no ano de 2010, e entrevistas semi- estruturadas com 20 mulheres, entre os anos de 2009 e 2013. Na primeira etapa de entrevistas, foram entrevistadas egressas e internas em regime aberto. Na segunda, entrevistou-se internas da Talavera Bruce. A prisão se constitui a partir das relações e tensões entre o “dentro” e o “fora”. Buscou-se investigar a micropolítica da vida cotidiana na penitenciária, considerando eixos de significação relevantes nas narrativas das entrevistadas. As principais questões abordadas nesse trabalho são: as formas de sociabilidade; as redes de ajuda; as práticas e alianças afetivo-sexuais e de amizade; a reinvenção das relações de parentesco com a formação de famílias por laços de afinidade no cárcere; e as interações com distintos atores sociais que participam da vida institucional. A inquietação central que perpassa a investigação é a busca pelo entendimento de como, em situações de extrema precariedade, os sujeitos são capazes de reconstruir suas vidas e se reinventarem de formas variadas. Nesse sentido, as interações e negociações entre os distintos códigos vigentes na prisão e seu atravessamento por diferentes eixos de estratificação demonstram como essa instituição é produtora de realidades, dispositivos e mecanismos de poder que têm efeitos sociais variados e dinâmicos.