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Informações Gerais

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Caminhando sob a hipótese de que a possibilidade de acesso de pessoas em idade reprodutiva a aplicativos de monitoramento de ciclo menstrual é aparentemente larga no Brasil, sobretudo nos centros urbanos, tenho como objetivo principal desta dissertação analisar alguns dos menstruapps gratuitos mais populares, investigando o que está se produzindo e performando (enacting) como “ciclo menstrual” e “menstruação” nestas plataformas. Para isso, apresento e descrevo etnograficamente o que foi encontrado no uso destes softwares através da criação de uma figuração(HARAWAY, 1997) chamada Polegarzinha (SERRES, 2013). Em um primeiro momento, foquei em apresentar os aplicativos, suas categorias e funcionamento. Em seguida, me dediquei em contextualizar a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n° 13.709), além de descrever analiticamente as Políticas de Privacidade de cada um deles. Nesta interface com o controle, são produzidos corpos que se acoplam com uma sensibilidade fantasmática (PRECIADO, 2014) a dispositivos tecnológicos, bagunçando os limites das fronteiras entre o “natural” e o “artificial”, o “corpo” e a “máquina” (HARAWAY, 2009). Através de uma incorporação alucinatória de próteses, o desejo de que este instrumento prostético se torne consciente faz com que a transição do modelo do robô para o modelo do ciborgue se torne possível. Mas de que modos específicos esta tecnologia se “incorpora”, “se faz corpo”? Conclui-se que “menstruação” dentro dos aplicativos acaba sendo algo muitas vezes debilitante, medicalizável e algo que se torna necessário controlar ativamente – por si e por terceiras partes. Conceitos em disputa como “reprodução”, “fertilidade”, “menstruação” performam gênero (enquanto uma tecnologia discursiva) de maneira a reforçar intervenções de controle social intensiva e continuamente em determinados corpos, que possuem determinadas marcas em comum.

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