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Nesta dissertação procuro, através da análise do romance Banguê, de José Lins do Rego, demonstrar a vinculação que teve boa parte da produção literária da década de 30 no Brasil com o projeto de elaboração da identidade nacional. Neste empreendimento se engajaram intelectuais e escritos nordestinos que se propuseram a realizar a tarefa de revalorização da "cultura nordestina", proclamada por eles como autenticamente nacional, em oposição à "cultura importada", que estava sendo difundida nas cidades em crescimento e seria fruto da cópia de modelos estrangeiros. Desta polêmica e através destes intelectuais e escritores, surgiu no pensamento soccial e político brasileiro a tese do "dois brais", um modelo dicotômico para se pensar a nacionalidade brasileira, onde as áreas situadas ao norte do país, baseadas nos elementos culturais do passado colonial, representariam "o Brasil real"e as áreas situadas ao sul, onde estavam sendo adotadas as ideologias européias e implantadas as inovações tecnológicas, representariam "o Brasil postiço". No meu trabalho, sob a lógica teórica de Marshall Sahlins, procuro superar esta visão dualística propondo uma perspectiva mais dialética para se enfocar o país. Sahlins, em Ilhas de História, expõe uma teoria onde estrutura-cultura e história são instâncias intercambiáveis, o que significa que a transformação de uma ordem cultural não implica numa destruição completa de suas tradições e dos elementos culturais arraigados. Assim, levando em consideração a perspectiva de Sahlins e através das formulações de Michael Pollak, que discorre sobre a flexibilidade da memória e da identidade social, proponho uma forma que poderia ter sido mais adequada para se pensar a identidade nacional na década 30, uma síntese, onde se levassem em conta os elementos do passado colonial e, também, elementos constitutivos da modernidade que irrompia no Brasil desde o início do século XIX.

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