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Partindo de análise dos ranchos carnavalescos, ditos precursores das escolas de samba, esta dissertação tem como foco um conjunto de relações sociais que revela uma idéia do Rio de Janeiro e de suas sociabilidades no começo do século XX. Propomos construir, assim, uma compreensão sociológica da relação entre essa forma carnavalesca e a cidade. Os jornais, os livros e artigos referentes à festa carnavalesca dos ranchos serão nosso material de pesquisa mais amplo. As quatro primeiras décadas do séc. XX, período de sua estruturação, ápice e "decadência" serão privilegiadas, indicando níveis de relação onde mediações e legitimações têm lugar. A circulação dos ranchos pela cidade, em articulação com outras formas de expressão carnavalesca, relacionava várias camadas da sociedade e revelava uma redefinição do próprio sistema urbano. Os ranchos foram uma das principais expressões carnavalescas do começo do século XX que, absorvendo e expressando amplamente uma coletividade, "totalizava" simbolicamente a cidade do Rio de janeiro. Música, fórmulas rítmicas, canto, dança, enredo e cortejo formavam a expressão de uma "linguagem popular", própria, e passível de diálogo com outras camadas da sociedade. A articulação entre níveis e expressões culturais "letradas" e "musicais", "populares" e "eruditas", "tradicionais" e "modernas", antes de indicar oposições, aponta para a complementaridade social. Revelam conexões entre atores socias diversos, processos temporais distintos, níveis de expressão artística e cultural e (trans) formação da cidade.

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