Essa dissertação busca discutir as mudanças provocadas por um agente financeiro com atuação global ao assumir o controle de uma empresa com uma gestão familiar, e a consequente reação de seus gerentes e funcionários. O objeto desta análise é a CVC Viagens e Turismo, empresa de grande destaque nacional em seu setor de atuação, que foi assumida pelo fundo norte- americano Carlyle Group em 2009. A hipótese do trabalho é a de que o novo agente econômico busca expandir o controle sobre o processo de trabalho, principalmente através do emprego de dispositivos tecnológicos de gestão de clientes e de resultados, e que os trabalhadores oferecem resistência capaz de influenciar sua implantação. A pesquisa empírica foi realizada através de entrevistas com funcionários de diferentes níveis hierárquicos no Rio de Janeiro, e apoiada pela análise de documentos oficiais produzidos pela empresa e de mídia econômica especializada. A análise da estratégia corporativa da empresa no período marcado pela presença do controlador estrangeiro (2009-2017) permitiu demonstrar as transformações que ocorreram nos diversos âmbitos da empresa, evidenciando a orientação de sua gestão para o ingresso em bolsa de valores, e posteriormente para a geração de valor para os acionistas. Como resultado, foi possível constatar que, embora pouco organizados, os trabalhadores não se viram destituídos de poder frente às mudanças organizacionais, e recorreram a formas de resistência cotidianas, sendo capazes de influenciar as decisões estratégicas dos controladores. Além disso, também foi possível observar que não apenas os trabalhadores dos níveis hierárquicos mais baixos ofereceram resistência às novas formas de controle, mas também aqueles em cargos gerenciais e os franqueados, gerando disputas em nível micropolítico entre gestores locais e gestores externos.