Informações Gerais
O projeto aborda o problema do aprendizado social como dinâmica reflexiva que articula mudanças sociais e interpretações da sociedade. A proposta é resultado de pesquisas sobre tradições intelectuais e artísticas brasileiras que tem contribuído para dar forma à área do pensamento social. Se, hoje, compreendemos melhor que a vida social envolve não apenas estruturas e recursos materiais, mas também culturais e políticos, desafios teóricos mais gerais e perenes persistem. Um deles é a questão sobre se e como as ações sociais são afetadas pelo constante reexame a que estão submetidas. Propomos uma sociologia do aprendizado social, investigando os papéis que interpretações sobre o Brasil têm desempenhado nas alterações da percepção da vida social, mais especificamente em elementos que passam se apresentar como problemáticos e são transformados em objetos de conflitos e negociações. Aprendizado social não é, porém, sinônimo de evolução cultural; ele não muda o mundo, mas pode promover um incremento de variação, aumentando o escopo de possibilidades de mudança. Uma das inovações dessa abordagem é neutralizar a carga voluntarista e normativa da noção convencional de mudança, conferindo centralidade à reflexividade da cultura nas ambiguidades e contradições da vida social. Nossa hipótese é que como forças sociais reflexivas, as interpretações do Brasil interagem nos processos de mudança social, mobilizando e transformando repertórios ou gramáticas intelectuais e políticas. Nesse processo, formas de discurso e de ação perdem e ganham eficácia, assim como se alteram os modos de sensibilização diante dos problemas sociais. Três eixos centrais no pensamento e na sociedade brasileiras serão percorridos no projeto: a questão regional, exemplificada pelas relações Nordeste-Brasil; a questão de gênero, pela atuação de mulheres e movimentos feministas nas primeiras décadas do século XX; a questão de raça, pelos movimentos e coletivos de intelectuais e artistas negros..