Informações Gerais
A proposta desta pesquisa consiste em analisar as consequências práticas do processo de “desinstitucionalização” psiquiátrica em um serviço público de saúde mental: Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs). Os SRTs surgem como um modelo de assistência a pessoas egressas de internações psiquiátricas de longa permanência, período superior a dois anos de internação, que não possuem vínculos familiares e de moradia. Para analisar as consequências da “desinstitucionalização” nesse serviço em específico, escolho empreender uma análise situacional das reuniões de equipe de dois SRTs localizados na Zona Norte do Rio de Janeiro, contexto em que os profissionais – cuidadores, coordenadora, técnicas de enfermagem e acompanhante terapêutica – debatem as interações com os moradores e deliberam suas práticas de “manejo”, segundo elas, da “desinstitucionalização”.A hipótese levantada é de que a “desinstitucionalização” não é uma categoria cujos sentidos e práticas estão dados e garantidos, mas que é construída cotidianamente pelos profissionais nas interações com os moradores e seus “manejos” com a vida, com os vínculos, os afetos, o corpo, as emoções, junto às “crises psiquiátricas” e outras modalidades de “crise” como a pandemia, “crises” financeiras e os agenciamentos junto aos recursos materiais, humanos e emocionais de que dispõem.