Informações Gerais
A pesquisa está situada na intersecção da sociologia do trabalho e da economia política internacional, buscando apresentar algumas iniciativas recentes de organização coletiva desenvolvidas por trabalhadores e trabalhadoras do setor de tecnologias. A partir da análise desse levantamento, pautada na abordagem dos recursos de poder e na recodificação do poder coletivo da classe trabalhadora, pretende-se identificar a necessidade e as possibilidades de organizar esse conjunto específico da força de trabalho "digital" em sindicatos ou em associações de trabalhadores. Dada a natureza transnacional e a lógica de produção em redes das corporações que dominam o setor (big techs), o foco central da investigação está na arena transnacional de ação coletiva trabalhista. Sendo o setor de tecnologias um expoente prototípico do modelo de gestão corporativa da era global-digital, baseado no entusiasmo cibernético da ideologia californiana dos anos 1990, essa categoria de trabalhadores se encontra imersa sob o signo dos novos paradigmas organizacionais do trabalho, e se caracteriza por salários relativamente altos e pelo elevado nível de qualificação necessário para o desenvolvimento de aparatos informacionais amplamente utilizados pela sociedade - como softwares, sites, aplicativos e plataformas digitais. A partir da identificação de sinais de resistência e potenciais de enfrentamento político na esfera do trabalho tecnológico, entende-se que, apesar das práticas e discursos próprios dessa fase do desenvolvimento histórico do capitalismo encontrarem voz no segmento das tecnologias informacionais, visando dar continuidade ao processo de reprodução e acúmulo de capital, nota-se que a pressão neoliberal não arrefece as disputas que marcam a relação capital-trabalho como um contínuo espaço de luta de classes.