O objetivo deste trabalho é pensar os pontos de Umbanda apresentados no Festival anual denominado Prêmio Atabaque de Ouro, idealizado e coordenado pelo Babalorixá e produtor culturla Marcelo Fritz, o festival circula na região do Grande Rio e arredores geralmente abrigado por sedes de escolas de samba. Os pontos são cânticos de caráter mitológico que trazem a gênese histórica e o imaginário dessa religião. Nesse festival, pontos de umbanda inéditos são inscritos apresentados ao público e a uma comissão de jurados, disputando por prêmios em diferentes categorias como compositor, intérprete, letra, coreografia entre outras. Essas cantigas associadas aos cultos realizados nos terreiros e centros religiosos além de circularem nessa disputa não religiosa demonstram outras possibilidades de uso em outros circuitos culturais, seja quando gravadas diretamente ou misturadas a outros estilos musicais como samba, música popular brasileira e até mesmo rock. A partir de uma seleção de pontos apresentados nos festivais entre 2004 e 2020, busco analisar o repertório imagético trazido pela poética das letras, a musicalidade e sonoridades de suas performances, bem como discutir os sentidos atribuídos pelos compositores a suas composições inéditas e a natureza das performances nos festivais. Trata-se de iluminar um circuito cultural muito ativo e pouco conhecido pelas ciências sociais.